A Walmart divulgou recentemente os resultados do segundo trimestre fiscal de 2026 (encerrado em 31 de julho de 2025), reforçando a percepção de que a companhia segue entregando crescimento consistente em diferentes frentes de negócio. O desempenho operacional foi sólido, com destaque para a expansão do _e-commerce_ e para o fortalecimento do braço de publicidade digital, que já se consolida como uma importante fonte de receitas adicionais.
Nos Estados Unidos, as vendas comparáveis cresceram 4,6% (excluindo combustíveis), sustentadas pelo maior fluxo de clientes e pelo aumento do tíquete médio. O Sam’s Club também apresentou resultado expressivo, com alta de 5,9% nas vendas comparáveis. Já no segmento internacional, a receita avançou 10,5% em moeda constante, reforçando a resiliência do portfólio global da companhia.
O e-commerce norte-americano registrou expansão de 26%, alavancado pelo _ship-from-store_, maior capilaridade de entregas ultra rápidas e avanço do marketplace. Atualmente, cerca de 94% da população dos EUA pode ser atendida em até três horas, e em alguns casos a entrega foi concluída em menos de cinco minutos — um indicador relevante de eficiência logística e diferencial competitivo frente aos pares.
O lucro líquido trimestral atingiu US$7,03 bilhões, frente a US$4,5 bilhões no mesmo período de 2024, refletindo não apenas o crescimento de receitas, mas também ganhos de escala e eficiência operacional. A companhia revisou para cima suas projeções anuais, estimando avanço de 3,75% a 4,75% tanto em vendas quanto no lucro por ação ajustado.
Outro vetor de crescimento relevante é a publicidade digital. A receita global do Walmart Connect atingiu US$4,4 bilhões em 2025, impulsionada pela recente aquisição da Vizio por US$2,3 bilhões, que adicionou à companhia uma base tecnológica robusta para monetização de anúncios por meio da plataforma SmartCast. O movimento reforça a estratégia da varejista de diversificar receitas além da operação tradicional de lojas.
No campo tecnológico, a Walmart também tem acelerado investimentos em automação e inteligência artificial. A parceria com a Symbotic, que envolveu a venda de sua divisão de robótica por US$200 milhões e investimento adicional de US$520 milhões, tem como objetivo ampliar a automação em centros de distribuição e operações de pickup e delivery. Em paralelo, a empresa implementa agentes de inteligência artificial focados em clientes, funcionários, fornecedores e engenheiros, buscando ganhos de eficiência e personalização.
A expansão internacional também avança. Após consolidar sua participação na Massmart, a companhia anunciou que abrirá as primeiras lojas próprias na África do Sul até o final de 2025. O movimento sinaliza a intenção da varejista de intensificar sua presença no continente africano, com lojas multiformato que ofertarão desde alimentos até eletrônicos, reforçando a estratégia de preços baixos e parcerias locais.
No campo financeiro, a companhia mantém disciplina no uso de capital. O capex anualizado gira em torno de US$22 bilhões, destinado principalmente à remodelagem de lojas, expansão do _marketplace_ e investimentos em tecnologia. Além disso, o programa de remuneração ao acionista segue robusto, com recompras de ações relevantes e crescimento no pagamento de dividendos.
Entre os pontos de atenção, destacam-se as pressões de custos ligadas às tarifas de importação e à inflação global, que podem impactar margens em determinados segmentos. A competição acirrada com Amazon e outros players do varejo digital também exige da Walmart constante inovação para manter sua vantagem competitiva. A execução da estratégia de expansão internacional, especialmente na África, deve ser monitorada, dada a complexidade logística e cultural envolvida.
Em síntese, a Walmart apresentou resultados acima das expectativas, sustentados por crescimento de vendas, expansão do _e-commerce_ e diversificação de receitas digitais. O fortalecimento da operação internacional e o foco em tecnologia reforçam a perspectiva positiva de longo prazo.
Conclusão do analista
O Walmart é líder no setor de varejo, possuindo mais de 230 milhões de consumidores semanalmente em suas lojas. Embora tenha um market share consolidado e um balanço sólido, a concorrência é alta e a baixa diferenciação dos produtos vendidos pressiona as margens de eficiência da companhia, como é inerente ao setor. Por isso, não enxergamos uma assimetria entre risco e retorno favorável para o investidor no preço atual das ações do Walmart.