A Unilever apresentou crescimento moderado e desempenho operacional sólido no segundo trimestre de 2025, reforçando sua estratégia de foco em rentabilidade e reorganização do portfólio. A companhia reportou crescimento subjacente de vendas (_underlying sales growth_) de **3,8 %**, com contribuição equilibrada de **+1,8 % em volume** e **+2,0 % em preço**. O _turnover_ trimestral totalizou **€ 15,4 bi**, enquanto no primeiro semestre de 2025 foi de **€ 30,1 bi**, queda de 3,2 % em termos nominais, impactada por efeitos cambiais negativos e desinvestimentos líquidos.
O desempenho foi particularmente forte em mercados desenvolvidos, que responderam por crescimento de 4,3 %, com expansão de volume e retomada de categorias-chave como cuidados pessoais e alimentos premium. Já os mercados emergentes cresceram 2,8 %, com destaque para o componente de preços, refletindo um ambiente macroeconômico ainda desafiador nessas regiões.
Entre os segmentos, _Beauty & Wellbeing_ e _Personal Care_ apresentaram crescimento acima da média do grupo, enquanto _Home Care_ e _Nutrition_ tiveram desempenho mais modesto. O segmento de sorvetes (_Ice Cream_) se destacou positivamente, com avanço de 5,8 % nas vendas subjacentes, impulsionado por aumento de consumo em mercados europeus e inovação em produtos.
Em termos de lucratividade, a Unilever manteve margens operacionais ajustadas estáveis, beneficiada por ganhos de produtividade e disciplina nos investimentos em marketing e inovação. A companhia sinalizou expectativa de margem operacional subjacente superior a 18,5 % no segundo semestre, com ênfase na preservação de rentabilidade.
A empresa deu continuidade ao processo de reestruturação estratégica com a separação da divisão de sorvetes, prevista para ocorrer até o final de 2025. A nomeação de Peter ter Kulve como CEO da nova unidade é parte da preparação para torná-la uma companhia independente, com governança e estratégia próprias. Também foi reportado que marcas periféricas como _Graze_ estão sendo avaliadas para desinvestimento, com foco na consolidação do portfólio central em cuidados pessoais e bem-estar.
A perspectiva para o segundo semestre permanece positiva, com expectativa de aceleração no crescimento subjacente das vendas para a faixa de 3 % a 5 %, sustentada por maior tração em inovação, expansão digital e recuperação de margens.
Em síntese, o desempenho da Unilever no 2T25 foi consistente com sua estratégia de médio prazo: crescimento moderado, foco em margens e reposicionamento estrutural. A empresa segue bem posicionada para entregar avanços operacionais, mas o sucesso de sua reorganização dependerá da execução disciplinada da separação da unidade de sorvetes e da capacidade de manter geração de caixa saudável em meio a desafios setoriais e cambiais.
Conclusão do analista
A Unilever é uma empresa tradicional e sólida, com diferenciais competitivos, mas que dificilmente crescerá de forma relevante o seu valor de mercado. Apesar de ter sofrido queda de receitas na última década, seus lucros permaneceram estáveis e sua geração de caixa livre aumentou. Ponderando os pontos positivos e negativos da companhia, recomendamos a compra das ações da Unilever (ULEV34) para quem busca empresas mais previsíveis e pagadoras de dividendos.