A Tesla divulgou seus resultados do segundo trimestre de 2025, com números que evidenciam um período desafiador para a companhia. A receita total somou US$22,50 bilhões, levemente acima das expectativas de mercado, porém representando uma queda de aproximadamente 12% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. Essa retração reflete principalmente a desaceleração nas vendas do segmento automotivo, que continua sendo o principal motor de receitas da empresa.
O lucro líquido no trimestre foi de US$1,17 bilhão, recuo de 16% em base anual. O lucro por ação ajustado (EPS) ficou em US$0,40, em linha com as projeções, mas inferior aos US$0,52 registrados no 2T24 — uma queda de 23% no comparativo anual. A margem operacional foi pressionada por custos mais elevados e uma menor diluição de despesas fixas, em função do menor volume de entregas. O fluxo de caixa livre caiu drasticamente para apenas US$146 milhões, queda de 89% na comparação anual, enquanto o fluxo de caixa operacional somou US$2,54 bilhões, retração de 30%.
A produção global de veículos manteve-se estável, com 410.244 unidades fabricadas no trimestre. Apesar da estabilidade na produção, a empresa enfrentou desafios na demanda e na conversão de produção em entregas. O segmento automotivo gerou US$16,66 bilhões em receita, recuo de 16% em relação ao 2T24. Já o segmento de energia e armazenamento apresentou queda de 7%, com receita de US$2,79 bilhões. Em contrapartida, a linha de serviços e outros avançou 17% no ano, totalizando US$3,05 bilhões.
Apesar dos números mais fracos, a Tesla segue com uma posição de caixa confortável, encerrando o trimestre com US$36,8 bilhões em caixa e investimentos de curto prazo. O Capex no período foi de US$2,39 bilhões, 5% superior ao registrado no mesmo trimestre do ano anterior, refletindo o compromisso da companhia com investimentos em novas plataformas e infraestrutura fabril.
A administração reiterou seu foco no desenvolvimento de veículos mais acessíveis, com lançamento previsto para a segunda metade de 2025. Além disso, houve destaque para os avanços nas áreas de inteligência artificial e robótica, especialmente com os testes iniciais do robotáxi na região da Baía de São Francisco. No entanto, Elon Musk alertou sobre a possibilidade de trimestres difíceis à frente, mencionando o impacto de tarifas adicionais, o fim de incentivos fiscais e mudanças na política fiscal dos EUA como fatores de risco para a demanda.
A deterioração nos resultados, sobretudo no segmento automotivo, levanta sinais de alerta quanto à capacidade da Tesla em sustentar suas margens e fluxo de caixa em um ambiente mais competitivo e regulatório. Por outro lado, a solidez de caixa e o avanço nas novas iniciativas tecnológicas demonstram a tentativa da empresa de diversificar suas fontes de receita e manter sua relevância no setor de mobilidade e energia.
Em resumo, o 2T25 da Tesla foi marcado por números fracos, porém em linha com o que já era esperado pelo mercado. O cenário de curto prazo permanece desafiador, mas os investimentos em inovação e a posição financeira sólida mantêm a tese de longo prazo relevante, embora dependente da execução das novas frentes estratégicas e da capacidade de adaptação ao novo contexto macroeconômico e regulatório.
Conclusão do analista
De modo geral, a Tesla demonstra fundamentos sólidos e equilibrados dentro da competitiva indústria automotiva, graças ao seu processo verticalizado e eficiente de fabricação de veículos elétricos. As projeções indicam que esses veículos ganharão participação de mercado relevante nos próximos dez anos, e a Tesla está bem posicionada para capturar uma parte significativa desse crescimento, apesar dos desafios. Entretanto, atualmente, as ações da empresa estão sendo negociadas a preços acima de uma margem apropriada de segurança, justificáveis apenas em cenários mais otimistas, o que pode representar um risco elevado para o investidor. Por esse motivo, optamos por não recomendar as ações da empresa no momento.