A Procter & Gamble (P&G) divulgou os resultados do exercício fiscal de 2025, encerrado em 30 de junho, com receita líquida de US$84,3 bilhões, resultado estável em relação ao ano anterior. O crescimento orgânico foi de 2%, composto por aumentos de 1% em volume e 1% em preço, compensando parcialmente o impacto negativo do câmbio.
No quarto trimestre fiscal, a empresa reportou receita líquida de US$20,9 bilhões, também com crescimento orgânico de 2%. O lucro por ação diluído (EPS) foi de US$1,48, representando aumento de 17% em relação ao mesmo período do ano anterior. O lucro por ação ajustado (_core EPS_) também foi de US$1,48, alta de 6% na mesma base de comparação. No acumulado do ano, o EPS foi de US$6,51 (+8%) e o _core EPS_ totalizou US$6,83 (+4%).
O fluxo de caixa operacional no período somou US$17,8 bilhões. A companhia apresentou produtividade de fluxo de caixa livre ajustado acima de 85%. Durante o exercício, foram distribuídos US$9,9 bilhões em dividendos e executadas recompras de ações no valor de US$6,5 bilhões, totalizando retorno de US$16,4 bilhões aos acionistas. A empresa mantém um histórico de 69 anos consecutivos de aumento de dividendos e 135 anos de pagamentos ininterruptos.
Em termos de estrutura organizacional, a empresa anunciou uma reestruturação com previsão de corte de aproximadamente 7.000 cargos administrativos ao longo de dois anos, representando cerca de 15% da força de escritório. A medida tem como objetivo aprimorar a eficiência operacional, com custos estimados entre US$1 e US$1,6 bilhão, e contempla iniciativas de automação, digitalização e reorganização de processos internos.
No pilar de inovação, a companhia mantém iniciativas por meio de hubs como o _InQbet_, voltado ao desenvolvimento de soluções sustentáveis e tecnológicas. Também conduz projetos voltados à gestão hídrica, como programas de restauração de bacias no México, integrando metas ambientais às operações.
Em relação ao ambiente externo, a P&G enfrenta impactos decorrentes da imposição de tarifas adicionais por parte dos Estados Unidos sobre produtos originários da China. Como resposta, a companhia implementou ajustes na formulação de produtos, redesenho da cadeia de suprimentos e reposicionamento de portfólio, com ênfase em itens de maior valor agregado.
Entre os principais pontos de atenção estão a concentração da demanda em categorias voltadas ao público de maior poder aquisitivo e os potenciais efeitos da reestruturação sobre a dinâmica organizacional e a capacidade de execução. Adicionalmente, a exposição a variáveis macroeconômicas e geopolíticas permanece como fator de risco a ser monitorado.
Os resultados de 2025 indicam estabilidade operacional, combinada a medidas de adaptação frente a pressões externas. A companhia mantém foco em eficiência, retorno ao acionista e desenvolvimento de soluções de longo prazo, sem comprometer sua estrutura financeira. A perspectiva para o exercício de 2026 dependerá da capacidade de execução das iniciativas estratégicas em curso e da evolução do cenário macroeconômico.
Conclusão do analista
A Procter & Gamble é uma empresa de bens de consumo com uma longa história de distribuição de dividendos. Apesar de não ter crescimento nas receitas nos últimos 5 anos, a empresa tem lucros crescentes, uma dívida equilibrada e dividendos constantes. No entanto, suas ações estão sendo negociadas a múltiplos acima de uma assimetria entre risco e retorno favorável. Desta forma, ficamos de fora das ações da Procter & Gamble no momento.