No primeiro trimestre fiscal de 2026 (encerrado em agosto de 2025), a Oracle registrou receita total de US$14,9 bilhões, crescimento de 12% em relação ao mesmo período do exercício anterior. O resultado refletiu, principalmente, a expansão contínua da área de serviços em nuvem (Cloud Infrastructure e Cloud Applications), que alcançou aproximadamente US$7,2 bilhões, representando cerca de metade da receita consolidada.
Dentro desse grupo, o segmento de infraestrutura (IaaS) apresentou crescimento expressivo de cerca de 55% a/a, impulsionado pela maior adoção de soluções de armazenamento e processamento em larga escala. Já o lucro líquido GAAP somou US$2,9 bilhões, avanço de 14% a/a, enquanto a margem operacional GAAP ficou em torno de 32%, refletindo ganhos de eficiência e diluição de custos fixos.
O desempenho foi favorecido pela ampliação do portfólio de contratos de longo prazo, com destaque para o crescimento do backlog de receita futura (Remaining Performance Obligations, RPO), que atingiu aproximadamente US$455 bilhões. Esse volume reflete o aumento da demanda por capacidade de computação em nuvem e compromissos plurianuais firmados com grandes clientes corporativos e instituições de tecnologia.
Apesar disso, a Oracle informou que apenas uma fração desses valores deverá ser reconhecida como receita dentro dos próximos doze meses, enquanto o restante será apropriado gradualmente nos anos seguintes.
No campo estratégico, a companhia manteve foco na expansão de sua infraestrutura de nuvem e no atendimento à demanda crescente por aplicações de inteligência artificial, intensificando investimentos em centros de dados e parcerias com provedores globais de tecnologia. A Oracle também anunciou mudanças na liderança executiva, com Clay Magouyrk e Mike Sicilia assumindo como co-CEOs, enquanto Safra Catz passou a ocupar posição no conselho de administração.
Apesar da sólida expansão de receita e do aumento de rentabilidade, a empresa enfrenta desafios associados ao elevado volume de investimentos e ao ritmo de execução de novos contratos. O trimestre, portanto, refletiu crescimento consistente e boa geração de lucro, sustentados pela transição estrutural para o modelo de negócios baseado em nuvem.
Conclusão do analista
A Oracle mantém uma posição consolidada no setor de tecnologia corporativa, com forte presença em banco de dados, aplicações empresariais e soluções de nuvem, destacando-se pela transição estratégica para um modelo de receita recorrente com a Oracle Cloud Infrastructure e suas plataformas SaaS. A empresa combina margens operacionais robustas e geração consistente de caixa com políticas ativas de retorno ao acionista, ainda que opere com um nível de endividamento elevado, acentuado por aquisições como a da Cerner. Apesar dos desafios ligados à concorrência em cloud, à execução de integrações e ao declínio de segmentos legados, os fundamentos e o valuation indicam assimetria positiva no preço atual das ações, sustentando uma recomendação de compra para Oracle (ORCL).