A Nike divulgou os resultados do primeiro trimestre do exercício fiscal de 2026, encerrado em 31 de agosto de 2025. O desempenho apresentou leve crescimento nas receitas totais, mas continua refletindo desafios operacionais e margens pressionadas, dentro de um contexto de reestruturação e reposicionamento estratégico.
A receita consolidada do trimestre alcançou US$11,7 bilhões, representando um crescimento de 1% em base reportada, mas queda de 1% quando ajustada para efeitos cambiais. A divisão por canais mostra um cenário misto: o canal Direct, que inclui vendas digitais e lojas próprias, teve retração de 4% em base reportada (‑5% em base neutra), com destaque negativo para o segmento digital. Em contrapartida, o canal atacado (Wholesale) registrou crescimento robusto de 7% (5% em base neutra), indicando uma retomada das parcerias comerciais e ajuste positivo no mix de distribuição.
A margem bruta ficou em 42,2%, uma queda de 320 pontos-base em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. Essa compressão reflete, sobretudo, maiores descontos praticados pela companhia, além de efeitos de mix de produtos e canais. A Nike tem priorizado a redução de estoques acumulados e o reposicionamento de categorias com menor giro, o que influencia negativamente a rentabilidade no curto prazo.
O lucro líquido totalizou US$744 milhões, com queda de aproximadamente 30% em relação ao primeiro trimestre do FY2025. O lucro por ação diluído (EPS) ficou em US$0,49, também abaixo do nível observado no mesmo período do ano anterior. A retração do resultado líquido está associada principalmente à menor margem bruta e ao aumento proporcional de despesas operacionais frente ao crescimento modesto da receita.
Em termos de despesas, a companhia manteve investimentos relevantes em _marketing_ e ativação de marca, alinhados à estratégia denominada "Sport Offense", que busca fortalecer a conexão com atletas e consumidores em categorias-chave, como Running, Basketball e Women’s Fitness. As despesas com _marketing_ não foram detalhadas no _release_ trimestral, mas a companhia reforçou o compromisso com o reposicionamento da marca frente à concorrência e mudanças de comportamento do consumidor.
A administração destacou que, embora os resultados mostrem progresso em relação ao trimestre anterior, a trajetória de recuperação da companhia não será linear. Persistem desafios em mercados importantes, como América do Norte e China, além de pressões macroeconômicas que afetam a demanda global por produtos esportivos. A Nike também apontou que está em curso uma racionalização de portfólio, com foco em inovação e produtos de maior valor agregado.
O desempenho do canal atacado é um dos poucos sinais positivos do trimestre. O crescimento nesse segmento sugere que a Nike tem conseguido restabelecer relações com varejistas e avançar na normalização de estoques. Contudo, a queda continuada no canal digital – especialmente relevante no contexto da transformação digital da indústria – representa um ponto de atenção importante para os próximos trimestres.
A empresa não divulgou _guidance_ específico para o restante do exercício fiscal de 2026, mas reiterou que está comprometida com a execução disciplinada das iniciativas de reposicionamento, controle de custos e priorização de investimentos estratégicos. A expectativa é que os efeitos mais positivos dessas ações se tornem mais visíveis na segunda metade do ano fiscal.
Em síntese, o primeiro trimestre fiscal de 2026 da Nike apresenta sinais incipientes de estabilização, principalmente no canal atacado, mas ainda reflete um cenário desafiador. As margens continuam sob pressão e a lucratividade recuou de forma significativa, o que exige atenção à execução estratégica nos próximos trimestres. O sucesso da reestruturação dependerá da capacidade da companhia em recuperar o desempenho do canal Direct, especialmente no ambiente digital, e em sustentar a eficiência operacional em meio a um ambiente macroeconômico ainda volátil..
Conclusão do analista
A Nike é uma das marcas mais famosas do mundo, com crescimento constante de suas vendas e saúde financeira equilibrada. Embora tenha vantagens competitivas duradouras, a companhia precisa continuar sendo inovadora para se manter competitiva No momento a companhia é negociada a um valuation sem uma margem de segurança adequada, o que não traz uma assimetria entre risco e retorno favorável para o investidor, portanto, ficamos de fora das ações da companhia, mas manteremos ela no radar.