No quarto trimestre fiscal de 2025, encerrado em 31 de maio (considerando o calendário fiscal diferenciado da Nike), a empresa registrou receita de US$11,1 bilhões, queda de 12% em relação ao mesmo período do ano anterior (11% em bases ajustadas por variação cambial).
As vendas diretas (Nike Direct) somaram US$4,4 bilhões, recuo de 14%, impulsionado principalmente por uma retração de 26% nas vendas digitais, parcialmente compensada por crescimento de 2% nas lojas físicas da marca. As receitas no atacado totalizaram US$6,4 bilhões, diminuição de 9%. A marca Converse apresentou desempenho ainda mais desafiador, com receita de US$357 milhões, recuo de 26%.
Todas as regiões registraram queda significativa: América do Norte (-11%), EMEA (-9%) e China (-21%). O desempenho na China foi particularmente afetado por desaceleração econômica local, menor demanda por produtos premium e competição acirrada com marcas nacionais e internacionais, enquanto na América do Norte e na EMEA houve pressão por excesso de estoques no varejo e promoções mais agressivas.
A margem bruta caiu 440 pontos-base, para 40,3%, impactada por descontos mais profundos para reduzir estoques, mudanças no mix de canais — com maior peso do atacado em relação às vendas diretas — e custos mais altos na cadeia de suprimentos, especialmente nas operações de \_outlet\_ e na Nike Factory Store.
As despesas operacionais (SG&A) ficaram praticamente estáveis, com aumento de 15% em marketing — ligado a patrocínios, ativações esportivas e campanhas para reposicionar a marca — e redução de 3% em custos administrativos, resultado de cortes e otimizações internas. O lucro líquido recuou 86%, para US$211 milhões, ou US$0,14 por ação, em razão da queda de receita, compressão de margens e custos pontuais ligados às iniciativas de reestruturação.
Os resultados fracos refletem uma combinação de fatores estruturais e conjunturais. A Nike ainda enfrenta o desafio de reverter a queda no tráfego digital após mudanças estratégicas que reduziram a frequência de lançamentos exclusivos online, o que enfraqueceu o engajamento no e-commerce. Além disso, a empresa lidou com um excesso de estoque acumulado em trimestres anteriores, que forçou liquidações e afetou a margem.
A desaceleração econômica em mercados-chave, a pressão competitiva crescente — com rivais como Adidas, Puma, Lululemon e marcas chinesas como Anta e Li-Ning — e os custos adicionais ligados a tarifas também pesaram no desempenho.
Operacionalmente, a Nike segue executando a estratégia “Win Now” e o plano “Sport Offense”, focados em reposicionar a marca no esporte de alto desempenho, otimizar portfólio de produtos, reforçar presença em canais físicos estratégicos e reestruturar a abordagem digital.
A companhia também anunciou aumentos de preços seletivos nos EUA para compensar parte de um impacto estimado em US$1 bilhão devido a tarifas, além de diversificar fornecedores e deslocar parte da produção para reduzir a dependência da China.
Conclusão do analista
A Nike é uma das marcas mais famosas do mundo, com crescimento constante de suas vendas e saúde financeira equilibrada. Embora tenha vantagens competitivas duradouras, a companhia precisa continuar sendo inovadora para se manter competitiva No momento a companhia é negociada a um valuation sem uma margem de segurança adequada, o que não traz uma assimetria entre risco e retorno favorável para o investidor, portanto, ficamos de fora das ações da companhia, mas manteremos ela no radar.