A Netflix divulgou seus resultados do segundo trimestre de 2025 com crescimento relevante de receita e números operacionais consistentes. A receita líquida totalizou US$11,08 bilhões, alta de 15,9% em relação ao mesmo período de 2024. A companhia segue em trajetória de expansão da receita, apoiada por iniciativas de monetização mais recentes, como o plano com anúncios e a repressão ao compartilhamento de contas.
Na frente operacional, a empresa registrou aproximadamente 95 bilhões de horas assistidas no primeiro semestre de 2025. A métrica reflete forte engajamento da base de usuários e reforça a mudança de foco da empresa, que passou a priorizar indicadores de uso e receita por usuário, em detrimento da divulgação do número total de assinantes. A decisão de ajustar essa métrica ocorreu após um forte trimestre final de 2024, que adicionou 18,9 milhões de assinantes líquidos.
A estratégia de publicidade tem ganhado tração. A Netflix vem investindo no desenvolvimento de sua própria tecnologia de anúncios (_ad tech_), com a meta de dobrar a receita dessa frente ainda em 2025. O plano com anúncios tem avançado em mercados desenvolvidos, como EUA e Canadá, onde também foram implementados reajustes de preços no início do ano.
Comparado ao primeiro trimestre de 2025, houve aceleração na receita e continuidade no crescimento das principais linhas operacionais. A empresa também reforçou sua política de retorno ao acionista por meio de recompras de ações, com ampliação do programa autorizado. Em termos de custos, os investimentos permanecem concentrados em conteúdo original, enquanto as despesas de _marketing_ seguem controladas.
Outro ponto relevante foi a expansão do portfólio de conteúdo, com inclusão de eventos ao vivo e esportivos, estratégia voltada à diversificação da audiência e ao aumento do tempo médio de uso da plataforma. Essas iniciativas têm como objetivo ampliar o diferencial competitivo em um mercado com forte presença de concorrentes globais.
A Netflix revisou para cima sua projeção de receita anual para o próximo exercício, refletindo maior confiança na execução das estratégias em curso. A combinação de aumento de receita, controle de custos e diversificação de monetização tem contribuído para a expansão das margens e para a geração de caixa livre.
Por outro lado, o cenário competitivo segue intenso e a evolução da base de usuários em regiões com menor penetração ainda exige atenção. Além disso, potenciais impactos macroeconômicos nos mercados desenvolvidos podem afetar a propensão ao consumo de serviços não essenciais, como _streaming_.
De forma geral, os resultados do 2T25 indicam continuidade na trajetória de crescimento da empresa, com avanço das iniciativas estratégicas e boa execução operacional, ainda que o setor exija monitoramento constante de riscos concorrenciais e macroeconômicos.
É importante salientar que a Netflix reconhece a partilha de contas como um desafio significativo, afetando diretamente o seu potencial de receita. Estimava-se que mais de 100 milhões de lares acessem o serviço por meio de contas compartilhadas, sem pagar diretamente por uma assinatura, representando uma grande oportunidade de monetização não explorada.
Para mitigar essa prática, a empresa tem implementado medidas como a verificação de dispositivos para assegurar que os usuários compartilhem contas apenas dentro do mesmo núcleo familiar. Além disso, em alguns mercados, a Netflix introduziu uma cobrança adicional para usuários que queiram adicionar pessoas que não moram na mesma residência atrelada à sua conta.
Essas iniciativas, embora inicialmente tenham gerado algum cancelamento de assinaturas, mostraram um potencial para converter uma parte dos usuários que compartilham contas em assinantes pagantes, ou gerar receitas adicionais com as cobranças extras. A Netflix acredita que essas ações podem contribuir significativamente para o aumento de sua receita global, especialmente em mercados onde o crescimento de novos assinantes está desacelerando.
Conclusão do analista
Em um cenário onde o sucesso futuro da Netflix depende fortemente da habilidade de sua equipe executiva em inovar e diversificar, consideramos o investimento na empresa arriscado. Apesar de sua rentabilidade atual e posição de liderança em streaming, a falta de diversificação das receitas e a intensa competição no setor são fatores que nos levam a adotar uma postura cautelosa. Diante dessas incertezas, optamos por não recomendar as ações da Netflix (NFLX) no momento.