No segundo trimestre de 2025, encerrado em 30 de junho, a Eli Lilly apresentou desempenho operacional robusto, sustentado por forte demanda por seus medicamentos voltados a diabetes e obesidade. A receita total somou US$15,56 bilhões, alta de 38% em relação ao mesmo período do ano anterior, impulsionada por um crescimento de 42% no volume de vendas, parcialmente compensado por redução de 6% nos preços realizados.
O lucro líquido em base GAAP foi de US$5,66 bilhões, ou US$6,29 por ação diluída, avanço de 91% e 92%, respectivamente. Em base ajustada, o lucro por ação atingiu US$6,31, crescimento de 61%, enquanto a margem bruta ajustada subiu três pontos percentuais, para 85,0%, refletindo melhor composição do mix de produtos e ganhos de eficiência produtiva.
Os medicamentos Mounjaro, indicado para diabetes, e Zepbound, para obesidade, mantiveram-se como os principais vetores de crescimento. O Mounjaro alcançou US$5,20 bilhões em vendas globais, com aumento de 37% nos Estados Unidos e US$1,90 bilhão em mercados internacionais. Já o Zepbound registrou US$3,38 bilhões em receita somente nos EUA, crescimento de 172% sobre o mesmo período do ano anterior. A linha oncológica Verzenio também apresentou expansão, somando US$1,49 bilhão, alta de 12%.
A companhia reforçou investimentos em pesquisa e desenvolvimento, com aumento de 23% na comparação anual, totalizando US$3,34 bilhões, o que representa aproximadamente 21,4% da receita do trimestre.
As despesas com vendas, marketing e administrativas cresceram 30%, refletindo o apoio a lançamentos recentes e a expansão de mercados para produtos já estabelecidos. Em função desse desempenho, a Eli Lilly revisou sua projeção para 2025, passando a estimar receita entre US$60 bilhões e US$62 bilhões e lucro por ação ajustado entre US$21,75 e US$23,00, acima das previsões anteriores.
Na alocação de capital, foram destinados cerca de US$10,3 bilhões a iniciativas de crescimento, incluindo pesquisa e desenvolvimento, expansão fabril e aquisições. Além disso, US$4,6 bilhões foram devolvidos aos acionistas, sendo US$2,7 bilhões em dividendos e US$1,9 bilhão em recompras de ações.
Apesar dos resultados expressivos, o mercado reagiu de forma negativa, com recuo de aproximadamente 13% no valor das ações no pregão estendido, após a divulgação de dados abaixo do esperado no estudo clínico de fase 3 do orforglipron, medicamento oral em desenvolvimento para obesidade.
O ensaio demonstrou perda de peso média de 12,4% ao longo de 72 semanas, inferior aos 14% projetados e ao desempenho de terapias concorrentes, além de apresentar taxa elevada de descontinuação por efeitos adversos. Essas evidências levantaram dúvidas sobre o potencial competitivo do fármaco e levaram alguns analistas a revisarem para baixo as estimativas de vendas anuais projetadas, de US$21,6 bilhões para US$13,5 bilhões.
Em paralelo, a Eli Lilly anunciou uma aliança estratégica com a Superluminal Medicines, no valor de até US$1,3 bilhão, voltada ao desenvolvimento de novos tratamentos para doenças cardiometabólicas e obesidade, utilizando tecnologia de descoberta acelerada por inteligência artificial. Essa parceria reforça a estratégia de diversificação e inovação do portfólio, ampliando as perspectivas de longo prazo da companhia.
O trimestre evidenciou execução consistente, com crescimento robusto apoiado por produtos líderes e um pipeline fortalecido. A revisão positiva de guidance e os investimentos estratégicos consolidam a liderança da empresa no segmento de terapias para obesidade e diabetes, embora o desempenho clínico do orforglipron represente um ponto de atenção relevante para sustentar o ritmo de expansão nos próximos anos.
Conclusão do analista
A Eli Lilly se destaca por seus fundamentos sólidos e um pipeline promissor, especialmente com o potencial de mercado de produtos para emagrecimento e tratamentos para Alzheimer, como tirzepatide e donanemab. Esses medicamentos têm mostrado resultados encorajadores, sugerindo um crescimento futuro interessante para a empresa. No entanto, apesar desse otimismo, o valuation atual da Eli Lilly está elevado, o que o coloca fora da margem de segurança ideal e torna a relação risco-retorno menos atraente. Portanto, recomenda-se cautela ao considerar a empresa no portfólio, aguardando uma melhor oportunidade de entrada.