A Intel Corporation divulgou os resultados do segundo trimestre fiscal de 2025 com receita de US$12,9 bilhões, valor levemente acima do topo da faixa projetada anteriormente pela companhia. Apesar disso, a margem bruta não-GAAP recuou 900 pontos base em relação ao mesmo período de 2024, encerrando o trimestre em 29,7%. Esse movimento refletiu impactos de itens não recorrentes, incluindo despesas com reestruturações e ajustes contábeis.
No trimestre, a empresa registrou prejuízo operacional não-GAAP de US$503 milhões, revertendo um lucro de US$24 milhões no mesmo intervalo do ano anterior. O lucro por ação ajustado foi impactado negativamente por aproximadamente US$0,20, em razão de despesas relacionadas à reestruturação organizacional e impairment de ativos.
Por segmento, o desempenho foi heterogêneo. O grupo de Client Computing apresentou queda de 3% na receita, enquanto o segmento de Data Center & AI cresceu 4%. A divisão de serviços de fabricação (\_foundry\_) aumentou sua receita em 3%, e demais segmentos somaram crescimento de 20%. Apesar disso, a rentabilidade em várias frentes seguiu pressionada.
A companhia deu continuidade ao seu plano de reestruturação, com expectativa de reduzir a força de trabalho para cerca de 75.000 funcionários até o final de 2025, o que representaria uma diminuição de aproximadamente 24.000 postos, ou 15% do total atual. Paralelamente, houve paralisação ou desaceleração de projetos em unidades na Alemanha, Polônia, Costa Rica e Estados Unidos, incluindo a expansão da planta em Ohio.
A gestão reforçou o compromisso com disciplina orçamentária, projetando US$17 bilhões em despesas operacionais não-GAAP para 2025 e US$16 bilhões para 2026. O capex previsto para o ano atual é de US$18 bilhões, com foco prioritário em desenvolvimento de novos nós tecnológicos, como o 18A, e expansão da divisão de \_foundry\_.
Em relação à estratégia tecnológica, a empresa tem adotado uma abordagem mais seletiva. Projetos futuros serão vinculados a compromissos firmados com clientes. Houve também a sinalização de retomada de recursos como o \_Hyper-Threading\_ e exigência de aprovação da liderança para decisões de design em chips, com o objetivo de padronizar e racionalizar o desenvolvimento de produtos.
No plano geopolítico, a Intel foi mencionada em discussões da administração norte-americana sobre possível aquisição de participação acionária com recursos do \_CHIPS Act\_. A proposta teria como objetivo acelerar a produção doméstica de semicondutores, ainda que analistas apontem que o suporte governamental, por si só, não resolve desafios estruturais da companhia.
Paralelamente, a empresa figura entre as participantes de um programa de investimento em semicondutores na Índia, sinalizando um movimento de diversificação geográfica e expansão internacional da capacidade produtiva.
Embora a receita tenha superado expectativas pontuais, os resultados financeiros refletem os efeitos de um ambiente operacional em transição. O impacto de medidas de reestruturação sobre eficiência, inovação e competitividade seguirá como fator central nas avaliações futuras. A perspectiva para o segundo semestre dependerá da execução das iniciativas estratégicas anunciadas e da evolução da demanda por semicondutores, especialmente nos segmentos de IA e computação em nuvem.
Conclusão do analista
Diante de expectativas de crescimento modesto, a empresa ainda possui potencial para criar valor para seus acionistas, principalmente se conseguir se recuperar e retornar aos níveis anteriores de produção e vendas de microprocessadores. No entanto, devemos levar em consideração cuidadosamente os riscos envolvidos em comparação com os possíveis retornos. Neste momento, optamos por evitar investir nas ações da Intel (INTC), principalmente por não trazer uma assimetria entre risco e retorno favorável.