A Chipotle Mexican Grill (NYSE: CMG) divulgou resultados mistos no segundo trimestre de 2025, refletindo um ambiente de consumo mais desafiador nos Estados Unidos e pressões crescentes sobre os custos operacionais. A companhia reportou receita total de US$3,10 bilhões, o que representa um crescimento de 3,0% em relação ao mesmo período do ano anterior. O avanço foi sustentado principalmente pela abertura de 61 novas unidades, que compensaram parcialmente a desaceleração das vendas nas lojas comparáveis.
As vendas em mesmas lojas registraram retração de 4,0% em base anual, impactadas por uma redução de 4,9% nas transações, parcialmente compensada por um aumento de 0,9% no ticket médio. O resultado negativo nas _same-store sales_ indica um enfraquecimento no tráfego às unidades, consequência direta da menor disposição do consumidor norte-americano em aumentar gastos com alimentação fora de casa. Apesar da contração observada, a empresa destacou que, em junho, houve sinais de estabilização no volume de clientes, sugerindo possível melhora gradual no início do terceiro trimestre.
O canal digital manteve participação relevante nas vendas, respondendo por 35,5% da receita de alimentos e bebidas. Essa fatia reforça a consolidação da estratégia da Chipotle em expandir a conveniência e a fidelização dos clientes por meio do aplicativo próprio e das operações via _Chipotlane_, formato _drive-thru_ que se tornou central na expansão da rede. Das novas unidades abertas no trimestre, 47 adotaram esse modelo, o que tende a proporcionar margens operacionais mais elevadas e retorno superior sobre o investimento inicial.
No campo operacional, o custo com alimentos, bebidas e embalagens representou 28,9% da receita, uma leve melhora em relação aos 29,4% registrados no mesmo trimestre de 2024, reflexo de maior eficiência nas compras de insumos e controle no uso de matérias-primas. Por outro lado, o custo de mão de obra aumentou para 24,7% da receita, acima dos 24,1% observados um ano antes, devido a reajustes salariais e à menor diluição dos custos fixos diante da redução no tráfego das lojas. Os custos de ocupação permaneceram em torno de 5,0% da receita, enquanto as demais despesas operacionais totalizaram aproximadamente 14,0%.
O lucro operacional somou US$559 milhões, equivalentes a uma margem de 18,2%, inferior aos 19,7% registrados no segundo trimestre de 2024. A margem operacional das unidades (_restaurant-level operating margin_) ficou em 27,4%, também em retração, refletindo o impacto combinado da pressão sobre custos e do menor volume de vendas nas lojas. As despesas gerais e administrativas totalizaram US$172 milhões, o que representa 5,6% da receita, ligeiramente abaixo dos 5,9% do ano anterior, demonstrando controle administrativo contínuo.
Ao final de junho de 2025, a Chipotle operava 3.839 restaurantes próprios e cinco unidades licenciadas, confirmando o ritmo consistente de crescimento orgânico. A empresa segue priorizando a abertura de novas lojas com o formato _Chipotlane_, que vem apresentando melhor desempenho de vendas e margens superiores às unidades tradicionais.
Entre os aspectos positivos do trimestre, destacam-se o crescimento moderado da receita total mesmo diante de um cenário de consumo mais fraco, a contribuição relevante das vendas digitais e o controle de custos com insumos. Por outro lado, a queda nas vendas comparáveis e a compressão das margens operacionais demonstram que o ambiente competitivo e o aumento dos custos trabalhistas continuam exercendo pressão sobre a rentabilidade.
A administração revisou para baixo suas projeções de crescimento para o ano de 2025, passando a prever estabilidade nas vendas comparáveis (_flat comps_), refletindo maior cautela diante da desaceleração do consumo e do aumento da seletividade dos consumidores em refeições fora de casa. A expectativa da empresa é que, no segundo semestre, as vendas se estabilizem gradualmente, apoiadas em ações de marketing, inovação de cardápio e reforço das plataformas digitais.
De forma geral, o segundo trimestre de 2025 reflete um cenário de ajuste operacional e desaceleração do consumo, mas sem comprometimento estrutural dos fundamentos da companhia. A Chipotle mantém posição financeira sólida, boa geração de caixa e capacidade de execução para continuar expandindo sua base de restaurantes e investindo em tecnologia. A melhora no tráfego das lojas e a recuperação das margens serão os principais vetores a determinar a trajetória de crescimento e rentabilidade nos próximos trimestres.
Conclusão do analista
A Chipotle é uma das maiores redes de fast food dos Estados Unidos, com quase três mil lojas próprias e crescimento de receitas e lucros nos últimos dez anos. A empresa tem grande potencial de expansão, principalmente com a implementação de medidas que trarão ganhos de eficiência e escala. Os números financeiros são ótimos e a empresa conseguiu criar diferenciais competitivos que fazem seus clientes voltarem a comprar seus produtos com frequência. Diante dos pontos positivo e negativos, recomendamos a compra das ações da Chipotle (C1MG34).