O 3T25 marcou mais um trimestre histórico para a Vulcabras, que consolidou 21 trimestres consecutivos de crescimento e atingiu o maior faturamento trimestral de sua história. A Receita Líquida atingiu R$955,7 milhões, um avanço de 21,8% a/a, refletindo o fortalecimento das marcas Olympikus, Mizuno e Under Armour e a expansão das operações fabris. O trimestre foi impulsionado pela melhora na disponibilidade de produtos e pela execução consistente em canais físicos e digitais.
A Olympikus manteve a liderança no mercado nacional de corrida com a linha Corre, enquanto a Under Armour teve seu melhor trimestre desde a chegada ao Brasil, puxada por running e treino. A Mizuno também apresentou evolução, com lançamentos de produtos de alta performance e fortalecimento de seu novo aplicativo e programa de fidelidade. O desempenho foi sustentado por crescimento sólido no varejo e no _e-commerce_, que aumentou 25,4%, alcançando R$144,8 milhões (15,2% da receita total).
O volume bruto faturado foi de 9 milhões de pares e peças, aumento de 7,7% a/a, com destaque para a categoria de Calçados Esportivos, que cresceu 8,5%, e para o segmento de Vestuário e Acessórios, com alta de 5,5%. A diversificação de portfólio segue avançando e a companhia vem ampliando a relevância dos chinelos esportivos em seu _mix_.
O Lucro Bruto somou R$395,8 milhões (+17,1%), com margem de 41,4% (-1,7 p.p.), refletindo custos mais elevados de produção em razão do aumento rápido do quadro de funcionários, principalmente na planta do Ceará. Esse impacto deverá ser temporário, retornando à normalidade gradualmente nos próximos trimestres.
As despesas com vendas cresceram 11,4%, mas sua participação sobre a receita caiu para 11,9% (-1,2 p.p.), refletindo diluição operacional. Investimentos em propaganda e marketing aumentaram 33,4%, para R$54,3 milhões, impulsionando a visibilidade das três marcas, com destaque para a campanha “Brasil Corre” da Olympikus e os lançamentos Wave Rider 29 e Wave Sky 9 da Mizuno.
O EBITDA totalizou R$226,5 milhões, crescimento de 15,1% a/a, com margem de 23,7%. Excluindo eventos não recorrentes — principalmente créditos de PIS/COFINS — o EBITDA recorrente foi de R$211,2 milhões (+13,8%), com margem de 22,1%.
O Lucro Líquido atingiu R$547,2 milhões (+217,8%), com margem de 57,3%, beneficiado pelo reconhecimento de créditos tributários e impostos diferidos. Excluindo esses efeitos, o lucro líquido recorrente foi de R$163,2 milhões (+11,6%), com margem de 17,1%. A rentabilidade segue elevada, sustentada por ganhos de escala e controle de despesas.
A dívida líquida fechou em R$436,3 milhões, contra R$22,6 milhões em 2024, após emissão de debêntures de R$500 milhões para financiar capital de giro, investimentos e dividendos. Mesmo com o aumento, a alavancagem permanece controlada, sustentada pelo alto retorno e liquidez robusta.
No trimestre, a empresa anunciou pagamento extraordinário de dividendos de R$597,7 milhões, acompanhado de aumento de capital no mesmo valor, reforçando sua política de equilíbrio entre retorno ao acionista e solidez financeira.
Conclusão do Analista
A Vulcabras passou por uma grande transformação nos últimos anos, que culminou em uma companhia melhor em diversos aspectos: mais tecnológica, mais eficiente e com melhor portfólio de marcas. Porém, mesmo que a tese da empresa passe pelo nosso filtro de qualidade, não nos sentimos confortáveis em sua recomendação.