Os últimos trimestres da Vamos foram marcados por um desempenho mais fraco, com quedas relevantes nas principais linhas em comparação ao mesmo período do ano anterior. O cenário macroeconômico adverso, com juros elevados, pressões no agronegócio e maior incerteza sobre o futuro, afetou diretamente a operação. Esse ambiente levou ao aumento das devoluções antecipadas de ativos, tanto por inadimplência quanto pela redução das operações dos clientes.
Diante dessa conjuntura, a companhia passou a adotar maior rigor na aprovação de novos contratos, aumentando o índice de reprovação. Esse conservadorismo reduziu o ritmo de crescimento, que ficou limitado a 8,7% nos serviços no 2T25. Ainda assim, os contratos firmados mantêm alta rentabilidade, com TIR acima de 21% e yield de 2,9%, mostrando a qualidade do negócio mesmo em fases de desaceleração.
A gestão também alterou a estratégia de estoques, priorizando aquisições sob demanda, em vez de compras antecipadas. Essa medida reduziu a necessidade de capex e diminuiu o volume de veículos estocados, contribuindo para preservar caixa. No entanto, a combinação de queda na rentabilidade e aumento das despesas financeiras resultou em uma forte redução do lucro líquido, que caiu cerca de 60% no trimestre.
A deterioração do desempenho no primeiro semestre e a ausência de sinais claros de melhora levaram a companhia a revisar seu guidance para 2025. Ainda assim, as projeções permanecem alinhadas às estimativas do mercado, com expectativa de estabilidade no curto prazo e perspectivas mais positivas para o longo prazo.
Um dos principais pilares da tese segue sendo o backlog. Atualmente, a Vamos possui mais de R$ 4 bilhões em receita já contratada para reconhecimento nos próximos 12 meses, o que garante maior previsibilidade de caixa e reforça a sustentabilidade da operação. Esse modelo de backlog mostra como os contratos de longo prazo funcionam como colchão de proteção em períodos de volatilidade.
Outro movimento relevante foi a cisão da unidade de concessionárias no final de 2024, transferida para a Automob, também do grupo Simpar. Essa reestruturação reduziu a volatilidade dos resultados e permitiu que a Vamos passasse a se concentrar no negócio de locação, que possui margens e ROIC muito superiores. Apesar de a receita consolidada ter sido impactada negativamente, a medida trouxe ganhos qualitativos na análise de rentabilidade.
Conclusão do Analista
O Grupo Vamos (VAMO3) mantém fundamentos sólidos e posição de liderança, mesmo após queda no lucro e desaceleração recente. A esperada redução da Selic deve reforçar sua rentabilidade. Recomendação final: VAMO3 é uma das melhores oportunidades de investimento para o longo prazo.