Antes de iniciarmos os comentários sobre o último resultado do Inter, gostaríamos de esclarecer que a nossa tese para a empresa é voltada a investidores com perfil agressivo. De fato, a companhia possui boa qualidade e um perfil tecnológico que nos agrada; contudo, seu valuation é considerado elevado, caso se mantenham os indicadores e resultados atuais.
Por essa razão, nossa tese baseia-se no forte crescimento do banco, que, por sua vez, segue firme em seu plano estratégico denominado “60/30/30”, com quase metade da meta já alcançada. Esse plano ousado consiste em atingir 60 milhões de clientes, 30% de ROE e um índice de eficiência de 30% até 2027. O patamar dessas métricas até o primeiro trimestre de 2025 pode ser observado na figura abaixo.
Conseguimos entender melhor o crescimento recente da companhia através do gráfico abaixo. Percebemos que desde o início do plano 60/30/30, a companhia demonstrou uma sólida e confiante evolução, apresentando resultados recordes a cada nova divulgação.
No 1T25, o Inter se aproximou da marca de 38 milhões de clientes totais e 21 milhões de clientes ativos, mantendo a cadência de 1 milhão de novos clientes ativos por trimestre. A taxa de ativação atingiu 57,2%, impulsionada por um processo de onboarding otimizado e pela personalização por meio de ferramentas de inteligência artificial.
A otimização das operações e a racionalização das despesas resultaram na redução dos custos para a entrega dos serviços. Apesar da queda na receita por cliente no período — impactada pela sazonalidade típica do primeiro trimestre —, o ritmo de crescimento das receitas superou o das despesas, resultando em ganho de eficiência. O índice de eficiência atingiu 48,8% no 1T25, conforme ilustrado no gráfico abaixo.
Como resultado de seu processo de expansão, a cobertura de capital do Inter (Índice de Basileia) também foi impactada, recuando de 15,2% no 4T24 para 14,7% no trimestre atual. Ainda assim, o índice permaneceu acima dos níveis regulatórios, indicando sólida capacidade para a concessão de crédito e continuidade na expansão da carteira. O índice de cobertura também se manteve em patamares saudáveis, encerrando o trimestre em 143%.
Paralelamente, houve aumento na margem financeira (NIM), que atingiu 8,8% — ou 5,5% quando ajustada ao risco. A inadimplência acima de 90 dias (NPL) permaneceu sob controle, alcançando 4,1%. Esse desempenho reflete a alteração no mix de originação de crédito, a segmentação da base de clientes e a alocação estratégica de capital.
O crescimento no número de clientes foi acompanhado de um lucro líquido recorde, que alcançou R$287 milhões após a participação dos minoritários, representando um avanço de 57% em relação ao mesmo período do ano anterior. Em linha com esse resultado, o ROE ficou em 12,9%, reforçando a tendência de expansão e rentabilidade da empresa.
Por fim, vale ressaltar que o custo de captação de recursos para realizar empréstimos ou investimentos foi de 63,8% de um CDI, abaixo dos níveis de mercado, demonstrando um forte potencial de crescimento de margem financeira e, consequentemente, de rentabilidade.