O 3T25 da Hypera mostrou retomada de crescimento com disciplina de capital de giro num ambiente doméstico ainda apertado por juros elevados. A companhia destacou _sell-out_ acima do mercado no varejo e normalização de prazos, o que ajudou a margens e geração de caixa, apesar de menor demanda no mercado institucional.
Operacionalmente, o _sell-out_ no varejo cresceu 8,3% a/a, superando o crescimento de 6,4% nas categorias em que a empresa atua, com destaque para Antigripais, Analgésicos, Gastro, Cardio e Hidratação da Pele. A leitura é que iniciativas de _trade_ e mídia digital, somadas a lançamentos recentes, impulsionaram a demanda. Em contrapartida, o _sell-out_ do Mercado Institucional caiu 4,3%, refletindo menor nível de vendas ao setor público.
A Receita Líquida avançou 16,3% a/a para R$2.227,2 milhões, em parte também pelo efeito base do 3T24, quando o faturamento ficou abaixo do _sell-out_ para reduzir estoques de clientes no início da otimização de capital de giro. O lucro bruto cresceu 18,9%, levando a margem bruta a 61,2% (+1,4 p.p.), beneficiada por maior alavancagem operacional e melhor mix.
O EBITDA das operações continuadas atingiu R$756,2 milhões, com margem de 34,0% (vs. 29,3% no 3T24 e 33,7% no 2T25), recuperando o patamar pré-otimização de capital de giro. Excluindo “outras receitas”, o EBITDA foi de R$761,5 milhões (margem 34,2%). Esse avanço reflete tanto a melhora operacional de 2025 quanto a base deprimida de 3T24 pelo ajuste de estoques.
No resultado final, o lucro líquido das operações continuadas cresceu 22,6% a/a para R$453,9 milhões, com margem de 20,4%. O resultado financeiro negativo aumentou R$32,5 milhões ante 3T24, sobretudo por despesas de juros maiores.
A disciplina de capital de giro apareceu com força: dias de contas a receber caíram para 58 (de 126 a/a) e o investimento em capital de giro _annualizado_ ficou em 30% da Receita Líquida (vs. 54% no 3T24). O _cash conversion cycle_ caiu para 169 dias, contribuindo para _cash_ operacional recorde de R$853,6 milhões no trimestre e _free cash flow_ de R$688,8 milhões.
No balanço, a dívida líquida pós-hedge caiu para R$7.268,8 milhões, equivalente a 2,4x o EBITDA 3T25 anualizado. O custo da dívida tende a seguir afetado pelo nível de juros, mas a companhia vem executando uma estratégia ativa de gestão de passivos, alongando vencimentos e reduzindo o custo médio de captação. Essa política deve contribuir para atenuar a despesa financeira nos próximos trimestres.
Conclusão do Analista
A Hypera mudou radicalmente desde o início de sua história e agora parece ter encontrado seu caminho. Os resultados são provas disso, com indicadores de rentabilidade e lucratividade em alta. A empresa possui várias marcas de grande penetração no mercado, mas o preço não nos atrai. Em suma, a Hypera tem se mostrado uma empresa bem-sucedida, mas ainda não é uma boa opção para investimento.