O 2T25 foi marcado pela continuidade do processo de normalização das operações da Hypera após a conclusão do ciclo de otimização de capital de giro iniciado no ano anterior. A Receita Líquida atingiu R$2.155,8 milhões, recuo de 1,6% em relação ao 2T24, influenciada principalmente pelo desempenho mais fraco no Mercado Institucional e pela redução deliberada dos estoques de clientes. Esse efeito, no entanto, foi parcialmente compensado pela aceleração do sell-out no varejo farmacêutico, que avançou 5,5% no trimestre e chegou a 8,4% no período de maio a julho, indicando resiliência da demanda nos canais de consumo.
Os efeitos dessa estratégia também puderam ser observados no ciclo de caixa, que apresentou melhora expressiva. O prazo médio de recebimento caiu para 60 dias, frente aos 116 dias do ano anterior, enquanto o capital de giro sobre receita anualizada diminuiu de 45% para 32%. Com isso, o ciclo de conversão de caixa encurtou em 129 dias, chegando a 187, o que reforça a liquidez da companhia e aumenta sua capacidade de sustentar investimentos relevantes sem comprometer o nível de endividamento.
As despesas apresentaram comportamentos distintos, refletindo ajustes de gestão. Os gastos com marketing cresceram 8,4% na comparação anual, atingindo 16,8% da Receita Líquida, impulsionados pelo maior uso de mídias digitais e trade marketing para apoiar o ritmo de vendas. Por outro lado, as despesas com vendas registraram queda de 9,9%, fruto da reestruturação implementada no início do ano, o que reforça ganhos de eficiência comercial.
O Lucro Bruto somou R$1.295,1 milhões, com margem de 60,1%, redução de 0,8 ponto percentual em relação ao 2T24. Essa queda decorreu da mudança no mix de produtos vendidos, impactada pela política de capital de giro, que reduziu a presença de categorias com margens mais altas. De forma complementar, a margem bruta consolidada foi reportada em 56,10%, reforçando que a recomposição do portfólio ainda exerce pressão temporária sobre a rentabilidade.
O EBITDA de operações continuadas alcançou R$725,4 milhões, com margem de 33,7%, recuo de 0,8 ponto percentual na base anual. Considerando a exclusão de “Outras Receitas Operacionais”, o EBITDA foi de R$713,3 milhões, com margem de 33,1%, resultado levemente superior ao do ano anterior. Esse desempenho sugere que os ganhos de eficiência ajudaram a compensar o efeito adverso do mix de vendas.
O lucro líquido totalizou R$426,1 milhões, queda de 13,4% em relação ao 2T24, refletindo ainda um cenário de despesas financeiras elevadas. Embora parte desse impacto tenha sido atenuado pelo câmbio favorável, a retração do resultado revela que os ajustes operacionais levarão algum tempo até se refletirem integralmente na última linha.
O fluxo de caixa livre encerrou o trimestre em R$204,6 milhões, abaixo do registrado no ano anterior. Essa redução esteve associada tanto à base comparativa mais forte de 2024 quanto ao aumento dos investimentos em ativos imobilizados e intangíveis, o que indica um uso maior de caixa voltado à expansão produtiva.
No campo financeiro, a dívida líquida pós-hedge foi de R$7.614,6 milhões, equivalente a 2,6 vezes o EBITDA dos últimos 12 meses. Embora o nível ainda seja considerado elevado, ele se mantém estável, em linha com o movimento de disciplina financeira sinalizado pela administração.
Entre os indicadores de rentabilidade, a companhia reportou um ROE de 6,19%, limitado pelo efeito da maior base de patrimônio líquido, e um ROIC de -0,17%, refletindo o aumento do capital empregado em projetos ainda em implantação, que pressionam o retorno no curto prazo. Ambos apontam que os benefícios dos investimentos ainda devem aparecer de forma gradual nos próximos trimestres.
Em termos de governança, o trimestre foi marcado pela eleição de novos conselheiros em abril, incluindo representantes de acionistas relevantes, além da formação de um bloco de controle de aproximadamente 53% do capital, composto por João Alves de Queiroz Filho, Maiorem e Votorantim. Essa movimentação reforça a estabilidade societária da companhia.
Por fim, a Hypera aprovou a distribuição de R$185,1 milhões em juros sobre capital próprio, equivalentes a R$0,29 por ação, mantendo seu compromisso de remuneração ao acionista. Também avançou em projetos industriais estratégicos, como a implantação de fábricas de oncológicos e biológicos, a nova unidade de escopolamina para o Buscopan e a integração da planta de Itapecerica da Serra, iniciativas que devem fortalecer seu portfólio e ampliar sua competitividade no médio prazo.
Conclusão do Analista
A Hypera mudou radicalmente desde o início de sua história e agora parece ter encontrado seu caminho. Os resultados são provas disso, com indicadores de rentabilidade e lucratividade em alta. A empresa possui várias marcas de grande penetração no mercado, mas o preço não nos atrai. Em suma, a Hypera tem se mostrado uma empresa bem-sucedida, mas ainda não é uma boa opção para investimento.