O 3T25 marcou um trimestre de transição importante para a Blau, que manteve estabilidade de receita ao mesmo tempo em que consolidou avanços estruturais relevantes. A administração reforçou que, embora o crescimento ainda não esteja evidente nos números consolidados, a empresa concluiu etapas-chave de seu ciclo de investimentos, abrindo espaço para expansão operacional significativa a partir de 2026.
A Receita Líquida atingiu R$475 milhões, praticamente estável na comparação anual, em um trimestre marcado por restrições temporárias de capacidade produtiva em algumas classes terapêuticas e menor volume no canal público — que havia performado acima da média no ano anterior. O segmento Hospitalar recuou 5,8% a/a, enquanto Varejo, Estética e Plasma avançaram 42,3%, impulsionados principalmente pela troca de distribuidor do _Botulift®_ e pelo crescimento da BU de Estética.
O lucro bruto somou R$193 milhões, alta de 3% a/a, com margem bruta de 40,6%, que avançou pelo oitavo trimestre consecutivo. A melhora foi impulsionada por mix de vendas mais favorável, dólar contribuindo para custos de insumos e, sobretudo, pela conclusão do turnaround da fábrica Bergamo, que finalmente passou a operar no mesmo patamar de margem consolidada. A provisão de estoque da Hemarus, de R$8 milhões, limitou um avanço ainda maior; sem esse efeito, a margem bruta teria alcançado 42,2%.
O EBITDA recorrente foi de R$114 milhões, queda de 3% a/a, impactado por despesas operacionais mais altas, relacionadas à expansão de equipes e ao avanço dos projetos transformacionais, além da provisão na Hemarus. Excluindo esse efeito, o EBITDA recorrente teria atingido R$122 milhões, ou 25,8% de margem, nível consistente com a capacidade estrutural de rentabilidade da companhia. Os maiores gastos com G&A refletem um momento de investimento em capital humano para suportar o crescimento esperado.
O lucro líquido foi de R$106 milhões, crescimento expressivo de 52,5% a/a, impulsionado pelo reconhecimento de juros e variação cambial do desinvestimento da Prothya — efeito positivo de R$60 milhões. O lucro líquido recorrente alcançou R$72 milhões, 4,6% acima do 3T24, refletindo melhora operacional e eficiência tributária.
O fluxo de caixa livre da companhia ficou positivo em R$26 milhões, apesar do maior consumo de capital de giro e do CAPEX elevado, que tende a ser temporário. Após pagamento de juros e arrendamentos, o fluxo ao acionista foi negativo em R$5 milhões.
A dívida líquida encerrou o trimestre em R$197 milhões, com alavancagem de apenas 0,4x EBITDA, reforçando a estrutura de capital robusta e a flexibilidade financeira da Blau, mesmo diante do ciclo de investimentos mais intenso. O caixa cobre cerca de 62% das amortizações programadas para 2026–2028, e ainda não inclui o recebimento do desinvestimento da Prothya, de EUR 52,1 milhões, que será contabilizado no 4T25.
A administração reforçou que a companhia está entrando no período final de um ciclo pesado de investimentos, que ampliará a capacidade produtiva em 70% até 2027, com impacto direto na rentabilidade, escala de produção e competitividade no segmento hospitalar. O pipeline de lançamentos submetido à ANVISA — com TAM estimado de R$3,2 bilhões — sustenta a expectativa de crescimento forte, especialmente em 2026–2027, enquanto a BU de Estética se consolida como vetor adicional de expansão.
Conclusão do Analista
Com o atual patamar de preços para a Blau, não enxergamos uma assimetria favorável para o investimento na tese. Portanto, mesmo reconhecendo o potencial da empresa, não temos recomendação de compra para a Blau Farmacêutica (BLAU3) no momento."