O 3T25 marcou um trimestre de sólido desempenho operacional e financeiro para a Minerva Foods, que consolidou o ciclo de integração de seus novos ativos na América do Sul e atingiu recordes históricos de receita, EBITDA e geração de caixa. Mesmo em um cenário global de maior volatilidade para proteínas, a companhia se beneficiou da diversificação geográfica de seu portfólio e do avanço das exportações, reafirmando sua liderança continental no segmento de carne bovina.
A receita líquida atingiu R$15,5 bilhões, um crescimento expressivo de 82,5% em relação ao 3T24 e de 11,5% sobre o trimestre anterior, configurando o maior faturamento já registrado pela empresa. O avanço foi impulsionado pela consolidação dos ativos adquiridos junto à MSA e pelo aumento dos volumes exportados, que representaram 61% da receita bruta consolidada. A Ásia respondeu por 28% das vendas externas, seguida por NAFTA (25%) e Américas (24%), com destaque para a China, que se mantém como o principal destino das exportações da companhia.
O volume total de abate atingiu 1,56 milhão de cabeças, alta de 42,4% a/a, refletindo o aumento de capacidade nas plantas do Brasil e de outros países da América do Sul. O volume de vendas chegou a 556,6 mil toneladas (+44,8% a/a), com forte contribuição das novas unidades — cuja integração operacional foi concluída de forma antecipada em relação ao cronograma inicial previsto para 2026.
O EBITDA ajustado totalizou R$1,4 bilhão, crescimento de 70,8% a/a e 6,6% t/t, com margem de 8,9%. O resultado foi sustentado pela diluição de despesas operacionais e pela captura de sinergias decorrentes das aquisições. As despesas com vendas, gerais e administrativas recuaram para 9,3% da receita líquida, ante 13,5% no 3T24, evidenciando a melhora de eficiência e o ganho de escala obtido após a integração.
O lucro líquido somou R$120 milhões, avanço de 27,6% a/a, com margem de 0,8%. Apesar da melhora operacional, o resultado foi parcialmente afetado pelos efeitos não caixa de derivativos de _hedge_ cambial e de commodities, que reduziram o impacto positivo do EBITDA sobre a última linha.
A geração de caixa livre foi o principal destaque do trimestre, atingindo R$2,5 bilhões, impulsionada principalmente pela redução expressiva da necessidade de capital de giro, em especial na linha de estoques. No entanto, pela natureza desse movimento, a administração reconhece que o ganho é pontual e tende a não se repetir nos próximos trimestres. Em bases recorrentes, a companhia ainda enfrenta desafios para manter uma conversão de caixa operacional mais consistente.
A dívida líquida encerrou o trimestre em R$11,8 bilhões, resultando em alavancagem de 2,5x EBITDA ajustado LTM — o menor nível desde 2022. A posição de caixa de R$14,9 bilhões assegura ampla liquidez, com cobertura integral do cronograma de amortizações até 2030. Mantendo sua estratégia de _liability management_, a Minerva recomprou e cancelou US$384,8 milhões em _bonds_ com vencimentos em 2028 e 2031, reforçando a estrutura de capital e reduzindo o custo médio da dívida.
O CAPEX somou R$340,5 milhões no trimestre, sendo R$240,5 milhões destinados à manutenção de ativos e R$100 milhões a projetos de expansão orgânica. As novas plantas encerraram o período com desempenho operacional já alinhado ao padrão da companhia, refletindo a uniformização de processos e a maturação gradual do modelo de gestão.
Em síntese, o 3T25 demonstrou a robustez operacional e a capacidade de execução da Minerva em um contexto de integração complexa e preços internacionais oscilantes. O avanço da rentabilidade, a disciplina financeira e a solidez da estrutura de capital reforçam a sustentabilidade do modelo de negócios, ainda que o desafio de transformar ganhos pontuais de caixa em recorrência permaneça como foco prioritário para os próximos trimestres.
Conclusão do Analista
A Minerva está muito exposta aos ciclos das commodities e tem maior dependência da China. Isso sem contar em todos os demais riscos de negócio, ambientais e sanitários que existem. O setor apresenta riscos em excesso e alta volatilidade, enquanto seu potencial de crescimento é limitado. Por conta disso, optamos por não recomendar as ações da Minerva (BEEF3).